
" O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré foi fundado no dia 1 de Setembro de 1983, com o propósito de defender os usos e costumes dos nossos antepassados, isto é, dos que habitaram as Gafanhas desde o séc. XVII..."
domingo, 31 de maio de 2009
Dia Nacional do Folclore Português

Actuação em Perre

sexta-feira, 29 de maio de 2009
Óscar Mundial de Folclore entregue a José Maria Marques
Nos próximos dias 30 e 31 irá realizar-se, em Espinho, um dos mais importantes eventos do mundo do folclore: a entrega do Óscar Mundial de Folclore, sendo que este ano a União Internacional de Federações de Grupos de Folclore atribuiu à Federação de Folclore Português a organização da cerimónia.
Irão ser distinguidas dez personalidades do Mundo que tenham efectuado trabalho meritório na defesa dos nossos antepassados e na divulgação da riqueza etnográfica no mundo. Portugal terá este ano duas personalidades condecoradas: o actual presidente da Federação de Folclore Português, Fernando Ferreira, e o aguedense José Maria Marques (a título póstumo), ex-presidente da Federação de Folclore Português e do Grupo Folclórico da Região do Vouga e, simultaneamente, do Museu Etnográfico da Região do Vouga.
“É, para todos nós, Grupo Folclórico da Região do Vouga, e pensamos que para todo o concelho, motivo de orgulho, a atribuição do Óscar Mundial a José Maria Marques. É sinónimo de que, passados 12 anos do falecimento de José Maria Marques, ainda hoje o seu trabalho é reconhecido, não só no nosso país, mas também além fronteiras”, referem os responsáveis actuais do grupo.
Homem sensibilizado e conhecedor da riqueza etnográfica, dedicou parte da sua vida à pesquisa, recolha, estudo e reconstituição de tudo quanto, de uma forma directa ou indirecta, esteve ligada ao povo de antanho. Ele próprio proferiu tantas vezes nos seus discursos uma das suas frases mais emblemáticas, que traduz verdadeiramente a forma de pensar e de estar na defesa dos nossos valores culturais – “É necessário que a cultura ocupe no nosso país o lugar a que tem direito; é indispensável que possa ser tomada como pedra básica para a construção do nosso futuro; é chegada a altura de podermos dizer aos descrentes letrados que o analfabetismo dos nossos antepassados, a não merecer a nossa melhor atenção, é a Universidade a que eles, infelizmente, não tiveram acesso”.
In Diario de Aveiro de 27/05/2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Dia Nacional do Folclore Português

quarta-feira, 27 de maio de 2009
Apontamento sobre o Gafanhão e a areia - 2
Lá dentro, longe das vistas, bailavam as dunas, ao capricho dos ventos, a dança infindável da mobilidade selvagem dos elementos em liberdade.
Brisas do mar e brisas de terra, ventos duráveis do norte em dias de estabilidade barométrica e rajadas violentas de sudoeste a redemoinharem no céu enfarruscado de noites tempestuosas, eram quem governava o perfil das areias movediças cavadas em sulcos e erguidas em dunas de ladeiras socalcadas a miudinho.
Era assim a Gafanha do tempo dos nossos bisavôs. Deserto enorme de areia solta, a bailar ao capricho dos ventos, o “cancan” selvagem de uma liberdade sem limites.
Um dia, não muito longe ainda, um homem atravessou a fita isoladora da Ria e pôs pé na areia indomável. Não sabe a gente se o arrastava a coragem do aventureiro, se o desespero do foragido. De qualquer modo, ele fez no areal a sua cabana, à beira da água e principiou a luta de gigantes do Gafanhão contra a areia.
Em volta da sua casota, para bastar-se, semeou feijão e plantou couves. Levara consigo uma enxada e com ela principiou a luta.
A areia movediça porém, é praga da natureza, que nunca, deu couves nem pão. Escorrega debaixo das bordas das enxadas e não deixa esburacar-se, para se fazerem plantações.
Nos interstícios dos grãos poeirentos da areia, não encontravam alimento as raízes das couves, que morriam de inanição. Era um solo maldito que zombava do esforço do homem, queimando a novidade à falta de alimento.
Mas o Gafanhão não desanimou.
Dentro da água da Ria, longas hastes estendidas no sentido da corrente, vivia, presa ao lodo do fundo e alagada na salinidade, toda uma flora magnífica, rica de fosfatos, a que não custava deitar a mão.
O homem desceu à água, arrancou o moliço, enterrou-o na areia, com a sua enxada e plantou as couves de novo, em torno da cabana que construíra.
Ainda desta vez não logrou triunfar, porque o moliço foi um avo infinitesimal de produtividade que a esterilidade da areia engoliu num instante. Mas estava visto como era possível arrancar pão ao solo.
Texto retirado do Arquivo do Distrito de Aveiro - Volume IX de 1943, de Joaquim Matias.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
A história do Grupo Etnográfico (parte III)
domingo, 24 de maio de 2009
Grupo de Danças e Cantares de Perre

sábado, 23 de maio de 2009
Apontamento sobre o Gafanhão e a areia -1
Espero que gostem.
Os grandes triunfos, constrói-os o trabalho persistente, com grandes pedras de sonho movidas pela omnipotência da fé. Quando se apaga a fé, então sim, verdadeiramente falhámos, e ficar-nos-ão na alma, como entulho, as carradas de sonhos com que poderíamos erguer o castelo do triunfo.
Vem na Bíblia que ultrapassará os Reis quem for, em seu trabalho, persistente. E à frase de Cristo “a fé remove montanhas”, não é necessário invocar em favor dela a possibilidade do milagre, porque humanamente a vemos significar uma verdade de todos os dias.
O Gafanhão é isto mesmo: um homem persistente em seu querer, teimoso no trabalho, inquebrantável na fé de vencer. E há-de haver um dia, por justiça imanente da vida cinzel ou caneta de homem de génio que materializa em forma artística, a epopeia sublime desse camponês que ninguém conhece, quando ele é maior ainda do que o guerreiro da reconquista e o marinheiro das descobertas.
A Gafanha é hoje uma grande arca nacional de pão. E nunca demais enalteceremos o labrego rude que lhe despejou a areia e a encheu de feijão e milho.
Fica situada entre os dois braços da Ria de Aveiro que da Barra se dirigem para o sul, grosseiramente paralelos, um até ao cais do Porto da Cruz, para os lados de Mira, outro por Ílhavo e Vagos, até à Ribeira do Boco.
Considerando o nome Gafanha, é-se tentado a supor que ali fosse em remotas eras a gafaria, para onde se enxotassem os leprosos do reino. E mais esta suposição nos tenta, se repararmos que tudo aquilo era um deserto imenso, sem água nem folha verde. Esta hipótese, no entanto, nem a história a confirma nem a aceita a filologia. Apenas hoje se antolha a leigos e não tem outro valor que não seja o de imagem de recurso para retratar-se a aridez do sítio. (Continua).
Texto retirado do Arquivo do Distrito de Aveiro - Volume IX de 1943.
terça-feira, 19 de maio de 2009
A história do Grupo Etnográfico (parte II)
domingo, 17 de maio de 2009
Conferências da Primavera
Mais uma pequena amostra da nossa actuação, no Salão Mãe do Redentor, na Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré, animando a 1ª Conferência da Primavera.
Espero que gostem.
sábado, 16 de maio de 2009
Autenticidade folclórica
Decorria o Festival. Um elemento masculino, num rodopio da dança, deixa cair a cinta (ou faixa). Sai da roda de dança e num gesto de raiva, enrola a peça e irado atira-a ao chão. A cena decorreu precisamente na parte frontal do palco. Para natural espanto da plateia, que decerto classificou o desespero do bailador como um acto reprovável e indecoroso.
Já o temos dito que não virá mal ao mundo, e o grupo não sairá inferiorizado por isso, se o componente que deixa escapar a cinta (ou faixa), como o chapéu ou o barrete, ou à mulher libertar-se o lenço ou uma chinela, que interrompa o movimento da dança para recuperar a peça do traje. Seria assim que os bailadores de outros tempos, de uma forma instintiva, decerto procederiam; nunca deixariam pisar e emporcalhar aquilo que lhes terá custado os olhos da cara, na época.
Imaginemos a dificuldade de uma bailadora a concluir a dança calçada com apenas uma chinela, como muitas vezes temos visto, com os riscos físicos que isso pode trazer. E a péssima imagem que oferece o repisar constante dum lenço, dum chapéu ou duma faixa.
Se na representação do grupo está implícita a maior fidelidade dos factos folclóricos, ficará bem, também neste gesto, a retratação do acto, tão natural noutros tempos.
Que a mensagem se espalhe. Entre directores, ensaiadores e componentes dos grupos de folclore.
Manuel João Barbosa – Jornal folclore – Edição 151 de Set./08
terça-feira, 12 de maio de 2009
Jantar do Grupo Etnográfico
Foram momentos de grande alegria e de oportunidade para um convívio entre todos os participantes, em que se puseram todas as conversas em dia, já que algumas pessoas aproveitaram para conversar com colegas que já não viam há algum tempo.
O jantar terminou cerca da meia-noite.
A direcção do Grupo agradece a todos os que colaboraram.
domingo, 10 de maio de 2009
Digressão a Palermo - Itália
Há um ano atrás estávamos em Itália, em Palermo. Aí encontrámos o nosso amigo Franco Gambino que actuou connosco na homenagem a Nossa Senhora das Nações. Aqui deixo um vídeo de parte da actuação e chamo a atenção para o jovem cantor que interpreta um canto típico Siciliano.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Conferências da Primavera
O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, a convite do padre Francisco Melo, prior da freguesia, animou com as suas danças e cantares a 1ª Conferência da Primavera, integrada nas comemorações do Centenário da Paróquia da Gafanha da Nazaré.
Tendo como tema "Questões ambientais: moda ou urgência?", foi proferida pelo Professor Doutor Carlos Borrego, docente e investigador do Departamento de Ambiente da Universidade de Aveiro.
Para nós é sempre um prazer actuar na Igreja Matriz, local onde nasceu o Grupo Etnográfico. Muitas horas ali passámos a ensaiar, crescendo como grupo e como pessoas.
Dessa actuação aqui fica uma pequena amostra.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
A história do Grupo Etnográfico (parte I)

Como à época era tradição, o final do ano catequético era assinalado por uma festa convívio em que catequistas e catequizandos davam largas à sua imaginação. Não só mostravam as suas habilidades, com cânticos, músicas e pequenas peças de teatro, quantas vezes marcadas pela apresentação de quadros bíblicos, como cimentavam amizades que perduravam por toda a vida. Ainda hoje assim é, sendo certo que muitos cristãos jamais esquecem quantos lhes transmitiram a fé.
Durante os preparativos para uma dessas festas da Catequese, de que era presidente Alfredo Ferreira da Silva, pelo ano de 1980/81, alguém lembrou, entre os quais o prior da altura, padre Miguel Lencastre, que seria interessante apresentar umas danças e cantares dos nossos avós, na esperança de preservar alguns vestígios folclóricos de que não havia grandes referências. E da ideia à pratica foi um ápice. Era preciso mesmo pôr de pé a sugestão. E aí começou a germinar o que viria a ser o ponto de partida para a criação de um Grupo Etnográfico.
Do livro editado por ocasião do XIX Festival Nacional de Folclore, que decorreu a 5 de Julho de 2003, retirámos um artigo escrito pelo nosso grande amigo Prof. Fernando Martins e que iremos transcrevendo por partes.
Memórias
Recuperada pelo Grupo Etnográfico e ex-libris desta região, é a procissão pela ria em honra de Nossa Senhora dos Navegantes. Esta são imagens do já longínquo ano de 1999.
domingo, 3 de maio de 2009
Jantar do Grupo Etnográfico
Nacos de carne estufados com arroz e saladas variadas.
Sobremesas confecionadas pelos elementos do grupo. Haverá ainda umas entradas para aguçar o apetite.
A Direcção agradece a todos quantos possam participar e ajudar o nosso Grupo Etnográfico.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Senhora de Vagos

A pouco mais de um quilómetro da vila de Vagos, situada num local campestre, pitoresco e aprazível, convidativo à oração, fica a ermida de Nossa Senhora de Vagos cheia de história e tradição. Consta que antes do actual santuário, existiu outro a dois quilómetros deste de que há apenas vestígios de uma parede bastante alta, denominada «Paredes da Torre», cercada presentemente por densa floresta mas de fácil acesso. Tradições antigas com várias lendas à mistura, dizem que perto da praia da Vagueira naufragou um navio francês dentro do qual havia uma imagem de Nossa Senhora que a tripulação conseguiu salvar e esconder debaixo de arbustos que na altura rareavam no areal. Dirigindo-se para Esgueira, freguesia mais próxima, a tripulação contou o sucedido ao Pároco que acompanhado por muitos fiéis, veio ao local onde tinham colocado a imagem, mas nada encontrou. Dizem uns que Nossa Senhora apareceu a um lavrador indicando-lhe o sítio onde se encontrava o qual aí mandou construir uma ermida; dizem outras que apareceu em sonhos a D. Sancho primeiro quando se encontrava em Viseu que dirigindo-se ao local e tendo encontrado a imagem, mandou construir uma capela e uma torre militar a fim de defender os peregrinos dos piratas que constantemente assaltavam aquela praia. Mas parece que a primeira ermida e o culto da Nossa Senhora de Vagos datam do século doze. O que fez espalhar a devoção a Nossa Senhora de Vagos foram os milagres que se lhe atribuem. Entre eles consta a cura de um leproso, Estevão Coelho, fidalgo dos arredores da Serra da Estrela que veio até ao Santuário. Ao sentir-se curado além de lhe doar grande parte das suas terras, ficou a viver na ermida, vindo a falecer em 1515. É deste Estevão Coelho, que conta a lenda ter quatro vezes a imagem de Nossa Senhora de Vagos, sido trazida para a sua nova Capela, quando das ruínas da Capela antiga (Paredes da Torre), e quatro vezes se ter ela ausentado misteriosamente para a Capela primitiva. Só à quarta vez se reparou que não tinham sido transferidos os ossos de Estêvão Coelho, e que as retiradas que a Senhora fazia eram nascidas de querer acompanhar o seu devoto servo que na sua primeira Ermida estava sepultado; trasladados os ossos daquele, logo ficou a Senhora sossegada e satisfeita. Supõe-se que ainda hoje, à entrada do Templo existe uma pedra com o nome de Estêvão Coelho.Outro grande milagre teve como cenário os campos de Cantanhede completamente áridos e impróprios para a cultura devido a uma seca que se prolongava há mais de quatro anos. A miséria e a fome alastrou de tal maneira por aquela região que todo o povo no auge do deserto elevava preces ao Céu, para que a chuva caísse. Até que indo em procissão à Senhora da Varziela, ouviram um sino tocar para os lados do Mar de Vagos. Toda a gente tomou esse rumo. Chegados à Ermida de Nossa Senhora de Vagos, suplicaram a Deus que derramasse sobre as suas terras a tão desejada chuva o que de facto sucedeu. Em face de tão grandioso milagre, fizeram ali mesmo um voto de se deslocarem àquele local de peregrinação, distribuindo ao mesmo tempo as pobres esmolas, dinheiro, géneros, etc. ... Ainda hoje essa tradição se mantém numa manifestação de Fé e Amor. Ainda hoje o pão de Cantanhede continua a ser distribuído em grande quantidade no largo da Nossa Senhora de Vagos.
Perto do actual santuário que pelas lápides sepulcrais aí existentes, remota ao século dezassete, construíram-se umas habitações onde de vez em quando se recolhiam em oração os Condes de Cantanhede e os Srs. de Vila Verde. Hoje, já não existem vestígios dessas habitações.