Num desses ensaios, que decorriam pela noite dentro, ficámos encarregados de levar de carro o tio Retinto a sua casa. Acompanhou-nos o Acácio Nunes. Reparámos então que ele transpirava por todos os poros, tal foi o esforço por ele despendido a cantar e a dançar.
- Será que este esforço e o suor não lhe vão fazer mal? - perguntámos.
- Não pense nisso! - respondeu prontamente. E acrescentou:
- Quando chegar a casa, com um bagaço, fico pronto para outro ensaio.
Aprendidas as danças e cantares, passou-se aos ensaios, mais a rigor. Agora com a ajuda dos músicos, cujos nomes ainda é possível recordar, com ressalva para qualquer lapso, que será corrigido num futuro escrito, até porque este não passa de um subsídio para a história do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.
Pela nossa memória e por aquilo que indagámos, foram eles o José Maria Serafim Lourenço, o Carlos Alberto Ferreira, o David Soares, o Manuel Alegria e o Albino Ribau.Como cantadores, registámos os nomes do tio Retinto e da Odete Rola, os que mostraram na festa da Catequese como se cantava antigamente nas Gafanhas.
Depois da apresentação das duas danças e cantares na festa de encerramento do ano catequético, com os trajes mais ou menos a rigor e segundo indicação dos mesmos "mestres", a ideia de continuar não mais parou. O bichinho já estava no corpo de muitos. As pesquisas e os registos não mais deixaram os entusiastas que logo a seguir estiveram na base desta instituição que tornou a Gafanha da Nazaré mais presente um pouco por todo o País e noutras paragens do mundo.
A convite dos responsáveis da Catequese, o autor destas linhas participou em alguns encontros para falar dos antepassados da Gafanha, dos seus usos e costumes, das suas tradições e da sua génese. Indicou pistas de actuação, de procura do genuíno folclore e falou da importância de se não brincar com a Etnografia, enaltecendo a necessidade de se apresentar em público somente o que oferecesse garantias de autêntico.
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