sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A Joana Maluca 5

(Continuação)
Solícita em zelar os interesses materiais dos seus, não se esquecia também de providenciar às suas necessidades espirituais, garantindo-lhes assistência religiosa, como veremos quando tratarmos da capela e igreja paroquial.
Corriam felizes os dias da já então avó Maluca, e aos netos e bisnetinhos, que brincavam na areia que lhe cercava a casa, ia repetindo muitas vezes estrofes de encantadora suavidade. Era uma torrencial vasante de maré-cheia a iluminar novas almas com a luz dessa alma inundada de religioso misticismo, dessa alma que ternamente vivia unida com o seu Deus e O queria possuir ansiosamente. Ainda agora os velhinhos recordam saudosamente este seu delicioso cantar:

Nossa Senhora me disse                      Nossa Senhora me disse
que m'havia de dar um dote.                Que m'havia d'aparecer,
Se m'o há-de dar em vida                    Apareça-m'Ela agora
Dê-m'o na hora da morte.                    Qu'eu folgara de a ver.

E a cantar passava a sua longa vida, prestando-se a receber visitas de representação e dos fidalgos, a quem concedia palestras quotidianas, que se prolongavam até ao declinar esplendoroso do sol por detrás dos palheiros da Costa Nova, nas piscosas e mornas tardes de Agosto e Setembro.
Foto do blog Pela Positiva
E a faina do mar também vinha emprestar colorido ao quadro em pose das entrevistas dos categorizados e primitivos frequentadores da Praia com a velhinha da Gafanha.
In "Monografia da Gafanha" do Padre João Vieira Rezende.
(Continua)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Fotos 26

Helena Pereira e Eliana


Ascensão Pata Farinha

Zira e Tino.


Vitor e Rosa
Mais algumas fotos de 1990, de elementos que já passaram pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Janeiras

No fim de semana passado andámos pelas  ruas da cidade da Gafanha da Nazaré, cantando de porta em porta as tradicionais janeiras. Como sempre somos muito bem recebidos em todas as casas que visitamos. Aqui fica o registo de uma das noites, em que não faltou a saborosa chouriça assada, e as deliciosas rabanadas. Um bem haja a quem as preparou.





Lembramos que já amanhã iremos continuar a visitar mais algumas casas. Este será o ultimo fim de semana deste ano de 2012.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Joana Maluca 4

(Continuação)
Em 1836, aos 48 anos de idade, já tinha contraído segundas núpcias com António dos santos Pata, e assentavam-se ao seu lar nove filhos, todos do primeiro marido, os únicos que teve e que eram o enlevo da sua alma, pedaços do seu coração. Para todos procurou um futuro desafogado, um bem estar compatível com as humildes condições em que nasceu. Não ignorava que o trabalho é inexaurível fonte de riqueza e, na ânsia de a adquirir, ia cultivando com afinco alguns pedaços de areia, de pousio, que o seu braço forte convertia em bom terreno, em searas de pão. E, efectivamente, ele não falhava na tulha nem no bornal, e de minguado que era a princípio tornou-se abundante e até cobiçado.
Tinha alargado a sua Fazenda e os seus haveres e a certa altura chega a ser proprietária, embora foreira, de toda a Quinta do Mato do Feijão.
Pode dizer-se que era uma rica proprietária e assim era considerada e tinha habitantes da sua terra, que nela tinham uma protectora. Desde então seus filhos eram pretendidos para casamento pelos mais abastados das redondezas, da Cale da Vila, dos de Portomar, e todos encontraram cônjuges nestes lugares.
Uma anedota focará a alma boa, ingénua, da Joana Maluca e o seu interesse pelo bem estar dos filhos. Manuel de Oliveira arrais, de Portomar, pastor habitual da Gafanha, pensou em namorar a filha colaça mais nova da Maluca, a Ana. Como a futura sogra resistisse aos importunos pedidos de casamento, O Arrais, um dia, sobranceiro à tulha do milho, faz derivar a conversa para o assunto que lhe interessava e, metendo as mãos ao cereal, fingindo de formalizado, com o punho cerrado, ameaçador, sai com esta: "é tão abastada e rica a casa de meu pai que à noite são tantas as luzes a iluminar a casa quantos os grãos de milho que tenho na mão".
Naquele dia a ingénua Gramata não pode resistir ao argumento do apaixonado mancebo e combinou-se o casamento, que deu origem à família Arrais. Afinal eram tantas as luzes quantas as bicas de pinheiro que à noite ardiam na pobre lareira do velho Arrais. Mas não mentia o arteiro do rapaz...
(Continua)
In Monografia da Gafanha" do Padre João Vieira Rezende.   

sábado, 14 de janeiro de 2012

VII Encontro de Janeiras

(Aspeto da cozinha onde a família recebeu os cantadores de Janeiras)
Conforme tínhamos prometido, e embora com algum atraso, aqui ficam algumas fotografias do VII Encontro de Janeiras que decorreu no passado sábado, em Perosinho.

(Cantadores de Guadalupe - Maia)

(Cantadores da Gafanha da Nazaré)

(Momento de saborear os sonhos e o vinho quente com canela)

(Cantadores de Santo Tirso)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fotos 25



Mais três fotos encontradas bem no fundo do baú. Estas são bem anteriores ao ano de 1990. Alguem sabe em que ano e em que local foram tiradas? Fico a aguardar por comentários.

sábado, 7 de janeiro de 2012

VII Encontro de Janeiras

O Grupo Etnográfico desloca-se hoje a Perosinho, freguesia do concelho de Vila Nova de Gaia, para participar em mais um Encontro de Janeiras. O convite partiu do Rancho Folclórico de Perosinho e está é já a sétima edição deste evento tão tradicional para a época.
Este encontro terá lugar no Salão do Rancho de Perosinho e o início está marcado para as 21:00 horas.
Participam os seguintes grupos:
Grupo de Danças e Cantares "Nª Srª de Guadalupe - Águas Santas - Maia
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
Grupo Folclórico de Stª Cristina do Couto - Stº Tirso
Rancho Folclórico de Perosinho - V. N. Gaia
Mais uma vez iremos levar a outras gentes as nossas tradições e a nossa cultura. Posteriormente daremos conta de como correu o evento e contamos colocar algumas fotografias.


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Janeiras 2012

Como já é tradição aqui na nossa terra, com o começo do mês de Janeiro, também o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, inicia o canto dos Reis ou as janeiras como se diz noutros lugares. Na próxima sexta-feira e durante todos os fins de semana de Janeiro iremos percorrer algumas ruas da nossa terra cantando de porta em porta, aos nossos conhecidos, amigos e a quem nos quiser receber. Assim, esperamos que nos recebam em vossas casas, para podermos partilhar também a nossa alegria. Fica aqui uma pequena demonstração do ano transacto.  

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Boas Festas e Feliz Ano Novo



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A Joana Maluca 3

Depois deste grande interregno nas publicações sobre a Joana Maluca, aqui estamos de volta com a história desta grande mulher. para recordar as publicações anteriores, pode consultar aqui, aqui e aqui.
Os anos corriam. A sua casa progride, faz-se, e chega a ser a mais abastada do lugar. Os respeitos multiplicam-se, crescem sempre na constância dos dois matrimonios, na viuvez, sempre, até à morte. Mas no curso da vida há sempre um parêntese que corta o seu deslizar majestoso e suave. A Parca terrível visita a sua morada, e num safanão cruel, ceifa-lhe o marido. Cercada de numerosa prole, devia ser duro o golpe que acabava de sofrer. Parece, porem, que os crepes da viuvez bem cedo lhe emolduraram o rosto varonil, pois que em 1836 nos aparece já a "Joanna Rosa de Jesus autorizada por seu marido António dos Santos Pata," (seu segundo marido), a contratar com outros inquilinos o aforamento da quinta do Mato do Feijão. Sempre a Mulher forte, varonil, na direcção e administração da sua casa!
Em 1838 reúne-se em Vagos o conselho de família para emancipar uma das suas duas últimas filhas gémeas, a Ana, órfã de pai. Também temos presente um recibo de pagamento das custas do inventário pelo falecimento de seu primeiro marido, passado em 1843, que diz o seguinte: "Recebi do Snr. António dos Santos Pata a quantia de 1$560. São mil quinhentos e secenta reis emporte das custas das contas que se tomarão no inventário de José Domingues da graça de que o mesmo tutor. Vagos 5 de Fever.º de 1843. Manuel José Pinto Camello Coelho."
Transcrevamos mais outro documento a abonar a data aproximada da sua viuvez e a do seu segundo matrimónio. É o seguinte: " Recebi do Sr. António dos Santos Pata e da sua mulher a SnrJoanna Roza de Jezus a Gramata a quantia de seis mil e seis centos e sinco reis procedidos de remédios q. forão p.ª o seu primeiro Marido o Sr. José Domingues da Graça e por estar pago e satisfeito da d.º coantia lhe passei êste p.ª clareza sua. Ílhavo 23 de Setembro de 1845. Levou as receitas q. somarão a q.ª $6305. O Boticário Bernardo Celestino de carvalho." Por estes documentos verificámos que a viuvez a atingiu bem cedo, quando a vida sorria no seu lar e a sua virilidade competia com a actividade da Mulher forte.
In "Monografia da Gafanha" do Padre João Vieira Rezende.
(Continua)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fotos 24

Aqui temos uma foto, penso que anterior a 1990, da visita dos técnicos da Federação ao nosso grupo. Em primeiro plano temos o Ensaiador na altura, Eduardo Arvins, o José Ferreira e a Liliana. De costas , penso que será a dona Arminda Teixeira e o malogrado Severim Marques. O Srº Severim não sei se está a admirar a bonita cara do José Ferreira ou o seu traje. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Jantar de Natal

O Grupo Etnográfico realizou, como vem sendo hábito, o seu jantar de Natal e simultaneamente de comemoração de mais um aniversário. Decorreu na noite de ontem num restaurante da nossa cidade, com a presença de muitos elementos , associados e amigos. Marcaram presença, igualmente, os nossos autarcas, o representante da Federação do Folclore Português e o nosso prior, Padre Francisco Melo.

(Aspeto da mesa principal)

Na altura dos discursos, o presidente do Grupo Etnográfico, Alfredo Ferreira da Silva destacou o trabalho realizado na época que ontem terminou e alertou para as dificuldades que se avizinham, quer em termos económicos, quer em termos da necessidade de novos elementos que venham trazer renovação, sangue novo à associação. Agradeceu a todos os esforços dispendidos e pediu mais empenhamento e, sobretudo aos mais novos, orgulho em defender as tradições da Gafanha da Nazaré.

O representante da Federação, eng. Daniel, aproveitou para dar os parabéns ao grupo por mais um aniversário e elogiou-o dizendo tratar-se de um grupo de qualidade. Incentivou o Etnográfico a prosseguir neste caminho, como representante digno da cultura e das tradições da Gafanha da Nazaré

O presidente da Câmara Municipal, eng. Ribau Esteves, de igual modo deu os parabéns ao Grupo Etnográfico e incentivou-o a, nesta altura de crise, a prosseguir ainda com mais determinação, com espírito de grupo e deixando para trás possíveis conflitos pessoais que a ninguém interessam.









quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

4º Encontro de Cantares Natalícios (Castelo Branco)

O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, participou no passado sábado no 4º Encontro de Cantares Natalícios em Castelo Branco, numa organização do Grupo Típico "O Cancioneiro de Castelo Branco". Depois de visitarmos a sua excelente sede, e da cerimónia de boas vindas e entrega de lembranças, fomos brindados com um bom jantar servido a todos os grupos participantes. Pelas 21:00 horas iniciou-se o referido encontro num local muito aprazível para o efeito e com excelentes condições acústicas. Pena foi que a população de Castelo Branco não tenha participado neste evento organizado pelo seu grupo. Está de parabéns o Cancioneiro de Castelo Branco. Aqui ficam algumas fotos. 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Blog Portugal Torrão Natal

No Blog Portugal Torrão Natal, escrito e publicado a partir do nosso país irmão, Brasil, encontramos esta publicação sobre a nossa freguesia.


Ao seu autor, os nossos agradecimentos. Esse post poderá ser visto aqui.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails