ESPRAIA-SE o casario desta extensa, ridente, populosa, fértil e histórica freguesia, pelos outeiros, veigas e vales que derivam do monte de Ordins, contraforte do Mósinho, e tem por limítrofes as freguesias de Galegos, Irivo, Fonte Arcada e Lagares, é além rio Sousa, Parada de Todeia e Cête. Jaz no Vale do Sousa, e é banhada a norte e poente por esse rio.
Dista 8 quilómetros da sede do concelho, Penafiel, e 30 quilómetros da capital de distrito, o Porto. É servida por boas estradas e pela estação de Cête, da linha-férrea do Douro, que lhe fica a meio quilometro.Bons prédios antigos e modernos, disseminados entre opulento arvoredo, esmaltam toda a área da freguesia, comunicando-lhe certo ar de nobreza, conforto e alegria e brindam o forasteiro, em época de natureza viva, com uma encantadora paisagem de beleza rural.
A vetusta igreja paroquial, jóia de arte medieval que evoca a história de 40 gerações e o convento anexo, só se vêem de perto, porque se escondem no fundo de um estreito vale. Aquece-os a memória de Egas Moniz, porto-heroi e símbolo da lealdade portuguesa.Novo panorama de relevo, cheio de beleza e vida, confere a freguesia à Aldeia do Gaiato, erguida na colina sobranceira ao mosteiro, a nascente.O povo da freguesia, bom, acolhedor, inteligente e laborioso, dedica-se a todos os ramos de actividade social, predominando a lavoura.
Milénios antes de nós, enquanto as águas do Sousa não romperam passagem através da garganta granítica do Penedo, a parte central e baixa da freguesia esteve submersa nas águas do rio e se não fora a previdência dos nossos maiores em subjugar a corrente das águas com o açude lançado a nascente da referida garganta, o leito do rio estaria hoje muito mais baixo, com o manifesto prejuízo para a conservação e fertilidade dos campos da fecunda bacia central.
Quando se fundou o mosteiro, em meados do século X, a área actual da freguesia encontrava-se repartida em três minúsculas freguesias a saber: S. Martinho de Velhos (de apud veteres ou abovedres), S. Lourenço e Santa Ovaia, hoje simples lugares da freguesia.A fundação do mosteiro deu origem a outra freguesia ultra-minúscula entre essas três – a freguesia do mosteiro, com a invocação de Santa Maria do Corporal. Esta cresceu em importância estimativa, e o Bispo do Porto D. Julião, em 1259, incorporou as três freguesias do mosteiro, com o título de Santa Maria do Corporal de Paço de Sousa, com capelão próprio, do clero secular, apresentado pelo D. Abade do mosteiro, e com esse título e nessa qualidade veio até 1596. Assim a freguesia mais nova e mais pequena absorveu a população das três, e tornou-se o epónimo da extensa freguesia de Paço de Sousa. Em 1596 acabaram os capelães seculares de Paço de Sousa, a paroquia foi feita regular e anexa perpetuamente ao mosteiro, por Breve Clemente VIII que conferiu as igrejas monásticas a regência de párocos regulares. A igreja actual, monástica até essa data, tornou-se portanto pública e paroquial. No dia 1 de Novembro de 1596 tomaram os beneditinos a paroquiação da freguesia que, desde essa época, se intitula oficialmente freguesia do Salvador de Paço de Sousa por ser o Salvador (Transfiguração) a invocação do mosteiro e da igreja monástica, e a paroquiaram até 1834, em que foram extintas as ordens religiosas.
A igreja do Corporal, paroquial e panteão do fundador e descendentes, foi demolida em 1605, depois de uma gloriosa existência de 643 anos (942-1605). Era contígua à igreja monástica, a norte, e com ela comunicava interiormente pelo transepto; ocupava parte do espaço do actual cemitério paroquial. Desconhece-se o estilo arquitectónico e o tamanho desta igreja; sabe-se, porém, que era um edifício nobre e de trabalho. Também se chamava igreja mística (mista) de Paço de Sousa, por estar anexa à monástica, comunicar com ela, e ambas terem despesas conjuntas, que corriam pela mesa conventual. delicado.
Do paço de D. Truitesino Galindiz fundador do mosteiro, e por estar situada no vale do Sousa e à margem do rio, identificador natural de inúmeras localidades, deriva a freguesia o seu nome de PAÇO DE SOUSA.
Padre José Monteiro de Aguiar
(in OBRA DA RUA, de Padre Américo, 1946)
(in OBRA DA RUA, de Padre Américo, 1946)
(Brevemente daremos conta do programa desta visita a Paço de Sousa, a convite do Rancho Folclórico de Paço de Sousa, para participar em mais um Festival de Folclore.)
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