quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Joana Maluca 1

(Continuação)

Foram padrinhos Manuel, solteiro, filho de António Francisco da Gafanha, e Joanna Rosa Mulher de Ant´nio Gafanha, tãobem da Gafanha, e testemunhas, o Reverendo Gabriel Pereira, e Domingos Martins, de que mandei faser este assento que assignei: era ut supra. O Coadjutor Domingos Pacheco Soares. O Padre Gabriel Pereira. - Domingos Martins. - Nada mais era tido em dito assento a que me refiro; eu Cartorario dos livros findos neste Bispado. Aveiro, vinte e seis de Maio de mil oito centos trinta e oito. - O Padre Manuel Affonso Limes (ou Cimes?).

- Nada mais se continha no dito documento do que dito fica, que eu bem fielmente copiei do proprio que entreguei ao apresentante e elle nas suas mãos me reporto. Dada e passada nesta Villa de Ilhavo em vinte dois de Fevereiro de mil oito centos setenta e oito. Eu Manuel Antonio Ramos de Loureiro, Tabalião o escrevi e assigno em publico e raso de que uso. Em test.º Man. Lou.º de verd. Manuel Antonio Ramos de Loureiro. Desta 150 R. cento e cinquenta reis. Loureiro. -

Joana Rosa de Jesus, por alcunha Joana Gramata ou Joana Maluca, foi, pois, nascida e baptizada em Ílhavo, em 1788, onde viviam seus pais, por sua mãe ser dali natural. Como se explica a sua saída de Ílhavo e a seguir o seu aparecimento na Gafanha, onde exerceu um papel tão preponderante não só como povoadora, mas como chefe e rainha daqueles povos?(1)

Vejamos: Em 18 de Maio de 1838 reuniu em Vagos o conselho de família para a emancipação de sua filha Ana, e faziam parte desse conselho Manuel António da Garça, de São Romão (Vagos) e António Domingues da Graça, de Calvão (Vagos). Também pessoas antigas e fidedignas nos informam que José Domingues da Graça, futuro consorte da Gramata, deambulava através das crastas (2) e das dunas, que se estendiam de Calvão pelos prados da Gafanha, a apascentar os seus gados. juntamente com outros companheiros, pastores de touros. Ainda não passaram muitos lustros em que a Gafanha era o tradicional pastigo daqueles cornígeros.


(1) - .... teve 9 filhos e conheceu 66 netos.

(2) - Os terrenos agora agricultados e outrora maninhos, eriçados de felga, ervas, feno, cordeirinhos junco, etc., e que ladeavam do norte ao sul as dunas alterosas, eram denominados Crastas....

(Continua)

In "Monografia da Gafanha", do padre João Vieira Rezende.

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