
Os trozes são de amarrar aos tornozelos mas, habitualmente, usam-nos arregaçados por altura do joelho. A manaia é usada especialmente no Verão, e só no mar.
De Inverno acrescentam o trajo com o gabão. Quando assim é, costumam arregaçar os trozes até à coxa e enrodilhar o gabão até à mesma altura, preso pela cinta, de forma a deixar-lhes livre o movimento das pernas.
O custo destas peças de vestuário são os seguintes; camisa 32 escudos, trozes 64, manaia 25, cinta e barrete 15 cada peça (1).
O trajo da vareira compõe-se de blusa de algodão, em tons claros e geralmente bordada ou lavrada; saia da mesma qualidade, de diferente cor e padrão em estamparia; avental da mesma qualidade, mas geralmente em contraste de cor com a peça antecedente; algibeira de pano preto de lã, debruada a galão da mesma qualidade, atada pela altura das ancas, em volta destas por debaixo do avental, com fita preta; cinta ou faixa, igual à do pescador, xaile de lã, de padrões matizados; lenço da mesma qualidade e género, dobrado em triângulo e colocado sobre o chapelinho, este, é geralmente em feltro preto com aba bastante estreita debruado de fita de veludo preto e, em volta da copa muito baixa, uma fita de seda também preta que abrange a sua altura e remata com um pequeno laço no lado direito; a completar o trajo chinelas pretas, lisas, de cabedal envernizado, e completa ausência de meias.
No Inverno as peças de algodão são substituídas por outras de lã, de cor lisa; xaile mais espesso, igualmente liso; e usam meias de lã em cores claras, brancas de preferência, sem guarnição alguma.
Relativamente ao seu custo registam-se hoje os preços que seguem: blusa 17 escudos, saia 14,50, avental 14, algibeira 6.5, cinta 15, xaile 100, lenço 60, chapelinho 40, chinelas 100, blusa de Inverno 32, saia 30.5, xaile 200 e meias 12 (2).
Sempre que o marido embarca para a pesca em terras longínquas ou mesmo em busca de outros horizontes na miragem de economia mais ampla, costuma a vareira substituir o trajo por outro semelhante mas de cores escuras, aquela que melhor exprime a sua dor de ausência. E se no decurso do tempo o mar já não volta a traze-lo, como tanta vez acontece, enverga então o trajo negro que não volta mais a trocar pela cor.
Expressiva rubrica na psicologia admirável da gente da Beira-Mar.
(1) Em 1940: camisa 22.5, trozes 23.5, manaia 4.5 e 5. Tanto a cinta como o barrete; verifica-se assim um agravamento entre 40% a 200 % sobre o custo de então.
(2) Eram em 1940: blusa 8.5, saia 6.5, avental 6.5, algibeira 2.8, cinta 5, xaile 42, lenço 25, chapelinho 16, chinelas 45, blusa de Inverno 17, saia 15, meias 6; oscila portanto entre 100% a 200% mais, o seu custo actual.
FIM
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Artigo publicado no Livro do XVIII Festival realizado em 6 de Julho de 2002.
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