Vamos hoje transcrever um trabalho publicado no Jornal Folclore nº 164, do mês de Outubro, da autoria do Dr. Aurélio Lopes.
A ausência de uma adequada uniformidade de conceitos é, provavelmente, o maior problema que se coloca, hoje em dia, ao movimento folclórico. Até porque, deste, decorrem diversos outros, a exemplo da gravosa promiscuidade que grassa nesta área da cultura tradicional portuguesa. Alias, é precisamente a quase omnipresente ausência sistemática de rigor conceptual, que nos impede de aperceber a extrema variedade de projectos e manifestações que, à falta de melhor denominação (leia-se classificação), se acoitam sob a bandeira do folclore. Projectos que vão desde a pretensão cultural de representar, coerente e rigorosamente, vivências tradicionais bem definidas no tempo e no espaço, até à mera utilização de alguns estereótipos populares como matrizes inspiradoras de um espectáculo de animação turística ou recreativa.
Entre estas duas realidades manifesta-se, naturalmente, toda uma infinidade de situações. Todas igualmente respeitáveis, é claro, mas que correspondem, naturalmente e conceptualmente, a realidades diferentes que como diferentes, deveriam ser encaradas.
Necessitamos assim de perceber (antes do mais), o que se entende por Folclore. De nos familiarizarmos com os seus pressupostos de abrangência, diversidade, mutabilidade e principalmente, funcionalidade. Sem eles “andamos ao Deus dará”. À procura de bengalas que usamos a torto e a direito (mais a torto que a direito), mas das quais, muitas vezes, nem sequer sabemos bem o que querem dizer. Necessitamos de interiorizar o que é que se entende por “Cultura tradicional”. Precisamos de saber que esta (como qualquer cultura tradicional ou não), não surgiu por geração espontânea e não nasceu já feita! Pelo contrário, consubstanciou-se através de milénios de aculturações efusões culturais, evoluindo gradualmente até às versões dos nossos dias. E que assim, cada estádio de evolução vale tanto como aquele que o precede e como o que o segue.
Entre estas duas realidades manifesta-se, naturalmente, toda uma infinidade de situações. Todas igualmente respeitáveis, é claro, mas que correspondem, naturalmente e conceptualmente, a realidades diferentes que como diferentes, deveriam ser encaradas.
Necessitamos assim de perceber (antes do mais), o que se entende por Folclore. De nos familiarizarmos com os seus pressupostos de abrangência, diversidade, mutabilidade e principalmente, funcionalidade. Sem eles “andamos ao Deus dará”. À procura de bengalas que usamos a torto e a direito (mais a torto que a direito), mas das quais, muitas vezes, nem sequer sabemos bem o que querem dizer. Necessitamos de interiorizar o que é que se entende por “Cultura tradicional”. Precisamos de saber que esta (como qualquer cultura tradicional ou não), não surgiu por geração espontânea e não nasceu já feita! Pelo contrário, consubstanciou-se através de milénios de aculturações efusões culturais, evoluindo gradualmente até às versões dos nossos dias. E que assim, cada estádio de evolução vale tanto como aquele que o precede e como o que o segue.
(continua)
Boas leituras
Boas leituras
Rubem da Rocha
Sem comentários:
Enviar um comentário