sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ponte de Sor

É já no próximo sábado que nos deslocamos a Ponte de Sor. Aqui fica alguma informação sobre a cidade.

RETALHOS DA SUA HISTÓRIA:
Ponte de Sor, com uma área de 17.042 ha, é a sede de um concelho constituído por sete freguesias, tendo sido elevada a Cidade em 8 de Julho de 1985. Com uma história importante no contexto do território português, lidera os destinos de um vasto território e de milhares de pessoas.
Foi um território importante desde a época romana, estando integrado na terceira via militar romana que, de Lisboa, se dirigia a Mérida. Parece datar desta altura a fixação do nome da terra, devido à existência de uma ponte, construída por aquele povo, sobre o rio Sor. Terá sido erguida no terceiro milénio depois de Cristo, no tempo do imperador Marco Aurélio Probo, constituindo-se então no maior monumento de toda a estrada romana até Mérida. Tinha dez arcos de volta redonda, muito semelhantes aos da Ponte de Seda, ou Vila Formosa. Apesar de forte, já não existia em 1438, aquando do início da construção das muralhas da vila. Segundo alguns autores, aqui se situava a cidade de Matusaro.
A nível eclesiástico, Ponte de Sor pertencia à Ordem de Cristo. O território onde está edificada hoje a cidade de Ponte de Sor foi possuído inicialmente pela Ordem dos Templários, que através de várias doações da coroa dominavam territórios que iam até Abrantes. Iria passar para a Ordem de Malta e para a dependência administrativa de Abrantes durante o reinado de D. Afonso IV.
Em 1527, segundo o "Cadastro da População do Reino", ordenado por D. João III, Ponte de Sor tinha 27 fogos, a que deveriam corresponder cerca de 100 habitantes.
Em finais do século XIX, sensivelmente, iniciava-se a construção da "vila nova", com o alargamento do seu espaço em direcção à estação do comboio.

PATRIMÓNIO CULTURAL E LAZER:
Em Ponte de Sor existem numerosos vestígios que comprovam a presença humana na região desde a Pré-História, como as Antas na zona de Cabeceiros.
Os ecos da romanização, também se fizeram sentir na região. A prová-los estão os marcos milenários da antiga via Lisboa/Mérida e muitos outros testemunhos epigráficos e monetários.
A quase ausência de manifestações artísticas do período medieval explica-se pela instabilidade vivida durante as lutas da Reconquista. Contudo, junto ao rio, podem-se ver os restos da cerca amuralhada do século XV, já alterada, mandada construir por D. Duarte, em 1438.
Dos séculos XVII e XVIII, são frequentes as pequenas igrejas e capelas rurais tardo-barrocas, obedecendo a um modelo simples e humilde, como é o caso das Igreja de S. Pedro, em Ponte de Sor e Ervideira e a Capela das Almas em Ponte de Sor. Na arquitectura religiosa, a centenária Igreja Matriz (1903) merece destaque.
Dos finais do século XVIII, destaca-se a "fonte da vila", mandada construir por D. João V, considerada por muitos o "Ex-Libris" da cidade.
A actual ponte sobre o rio Sor foi mandada construir em 1822 por D. João VI. Devido ao desenvolvimento da cidade e à grande afluência de trânsito, esta foi alargada no final de 2004.

Informação retirada do sitio da Câmara Municipal de ponte de Sor.
Boas leituras
Rubem da Rocha

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Superstições e Crendices - VI

– Ir à Bruxa
Quando algo não corria bem em casa, na família e até nos animais, quando uma doença estranha ou malzinho afectava um familiar por muito tempo, quando o azar batia à porta e as colheitas não fossem boas, e mesmo quando algum membro da família estava “em vistas” de arranjar emprego, logo se pensava em “ir à bruxa”, para que ela fizesse uma reza e preparasse uma “armação”.
A isto o povo chamava “ir correr bida”.
Por mando da mulher de virtude, que tudo sabia e adivinhava, até falava com os espíritos, faziam-se defumadouros, queimando arruda, alecrim, oliveira e incenso. Defumava-se toda a casa, os membros da família e, quando caso disso, os currais e os animais, dizendo nove vezes as seguintes palavras:
“Assim como Nossa Sinhora defumou seu amado Filho para cheirar, assim eu defumo o meu corpo, a minha casa, os meus parentes e tudo o que me pertence, p’ra que todo o mal d’inbeja, todo o mal rogado, requerido e impecido e todos os espíritos malignos possam de cá afastar pelo poder de Deus e do Santíssemo Sacramento do altar. Padre Nosso e Abé Maria”.
Pelo que ouvi muitas vezes e me foi confirmado, estes defumadouros faziam-se sempre durante nove dias consecutivos. Os restos ou cinzas juntavam-se todos e eram postos fora nas águas da Ria ou no Mar, na maré vazante, para que a corrente levasse o mal para o mar “acolhado”.
Outras vezes, a mulher de virtude dizia que uma “alminha do outro mundo” andava a apoquentar, pois morrera deixando uma promessa por cumprir. Então mandava ir a uma igreja levar azeite para as Almas, ou mandava rezar missas ou fazer uma outra qualquer penitência, para que quem viera do outro mundo encontrasse o caminho da Luz e da Paz,
Muitas vezes acontecia que, após a consulta com a dita mulher de virtude, a pessoa que a ela recorrera cortava relações com algum vizinho e até familiares, pois a bruxa tinha dito que lhe tinha muita inveja, que alguém lhe rogara “pragas”, desejando-lhe muito mal. Claro que não diziam nomes, mas sugeria que tinha sido alguém perto da pessoa. Na sua retórica dizia até que lhe tinham feito mal e propunha-se ir a casa para fazer lá uma reza e desmanchar o “bruxedo”.

– Os Lobisomens
Acreditava-se que estes seres existiam e que apareciam, logo após a meia-noite, em especial em noite de lua cheia e quando a lua fazia quarto.
Cria-se que eram homens como os outros, só lhes fora traçado o destino e por isso, tinham aquele “fado”.
Transformavam-se em lobos e uivavam. Mas não só, também tomavam outras formas como tripeças, carros, pipas, cães ou outro animal qualquer, conforme o primeiro rasto que o infeliz malfadado pisasse ao sair de casa ou ao chegar a uma encruzilhada, para cumprir e correr o seu “fado”.
Era uma sorte boa para ele se encontrasse alguém corajoso que o picasse ou ferisse até sangrar, tirando-lhe assim o “fado”. Contudo, essa pessoa não poderia ser atingida pelo sangue, pois se assim acontecesse, passaria então a carregar o “fado”, tornando-se lobisomem.
(Continua)

In “Gafanha…o que ainda vi, ouvi e recordo”, da Sr.ª Professora Maria Teresa Reigota.
Boas leituras
Rubem da Rocha

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Superstições e Crendices - V

Depois de termos visto o que o Padre João Vieira Resende nos diz sobre superstições e crendices, vamos ver o que nos diz a Sr.ª Professora Maria Teresa Reigota, no seu livro “Gafanha…o que ainda vi, ouvi e recordo”, sobre o mesmo.
– As Bruxas
No crer e dizer do povo, as bruxas eram mulheres comuns, muito más e que, à meia-noite saíam das suas casas para correr mundo, por vezes fazendo mal às outras pessoas.
O povo acreditava que as bruxas luziam; que voavam pelos ares no cabo de uma vassoura, lançando pela boca, lufadas de lume azul; que se banhavam nas águas da Ria, dançando depois nas proas dos barcos abicados na borda, presos ao moirão; que até entravam pelo buraco da fechadura ou pela chaminé e que chupavam as crianças.

– Uma história de Bruxas
Conta Maria Planta, com oitenta e seis anos este facto acontecido com ela, a mãe, o marido e uns primos:
Como muitas vezes faziam, uma noite foram ao serão a casa da sogra, a Ti Silvina Russa. Não havia estrada nem luz. Era um caminho de bois, escuro, cheio de sombras. Até atalharam pelos terrenos para demorarem menos tempo e encurtarem caminho.
De regresso, caminho de casa, direcção norte-sul, ela dá conta que, na janela da casa da Ti Cadete e da Ti Auxilia, está uma luz que pisca de vez em quando. Logo diz para o marido:
“ – Ai Toino, está acolá uma bruxa!”
O Toino, na altura rapaz novo, forte e muito afoito não hesitou. Deixou a mulher e restante companhia e foi direitinho ao sítio onde piscava a tal luz.
Descobriu a bruxa – era o reflexo do farol no vidro da janela e por isso piscava de vez em quando, com intervalos regulares.
(Continua)
Boas leituras
Rubem da Rocha

terça-feira, 8 de junho de 2010

Actuação em Calendário - Famalicão

Recepção na Junta de Freguesia

Aspecto do almoço convívio

A aguardar o início do desfile

No passado domingo estivemos em Vila Nova de Famalicão, mais propriamente na freguesia de Calendário para mostrar o nosso folclore a convite do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Calendário. Chegámos cerca das 11 horas e 30 minutos e fomos recebidos na sede da Junta de Freguesia pelo seu presidente, para a tradicional troca de lembranças numa pequena cerimónia de boas vindas.
De seguida fomos até à escola Camilo Castelo Branco, onde nos foi servido um almoço muito bem preparado, embora com algum atraso. Por volta das 15 horas e 30 minutos começou um pequeno desfile até ao Parque 1º de Maio, onde decorreu o festival e no qual participaram, além de nós e do grupo organizador, o Rancho Folclórico de São Tiago de Mirandela (Nordeste Transmontano), o Rancho Folclórico de Santa Cristina do Couto – Santo Tirso (Douro Litoral) e o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Creixomil - Guimarães (Baixo Minho).
Foi um bom festival em que os grupos presentes foram dignos representantes dos seus antepassados. De realçar, pela negativa, o facto de o festival ser realizado durante a tarde. O dia estava bastante quente, tornando-se bastante cansativo para todas as pessoas que, trajadas, esperavam a hora de actuar. Um outro pormenor menos agradável foi o facto da temperatura do tablado estar bastante elevada, o que levou a que todos os elementos do nosso grupo que dançam descalços tivessem contraído bolhas nos pés.
Todas as indicações da Federação do Folclore Português apontam em sentido contrário. Esperamos que o representante da Federação neste festival tenha tomado nota e tenha feito os devidos reparos para que no futuro isto não se repita. O ideal é que os Festivais sejam realizados ao sábado à noite.
Até à próxima actuação que é no dia 26 de Junho, em visita Rancho Folclórico da Casa do Povo de Ponte Sor, em Ponte de Sor.
Até lá.

Boas leituras
Rubem da Rocha

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Actuação em Taveiro

No passado sábado, 29 de Maio, fomos até à Freguesia de Taveiro para participar na "Noite de Folclore Taveiro 2010". À chegada fomos recebidos por elementos do grupo anfitrião que nos deram as boas-vindas. Às 19:00 fomos jantar, um jantar convívio que, verdade seja dita, foi muito bem servido e todos ficaram satisfeitos. Os nossos parabéns ao Grupo Folclórico de Taveiro pela excelente refeição que preparou para os seus convidados. Após o jantar, os elementos dos grupos trajaram-se para a realização de um pequeno desfile de apresentação às gentes de Taveiro e logo de seguida deu-se início ao Festival. Além do grupo anfitrião, participaram o Rancho Folclórico de Pampilhosa da Serra, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Salvaterra de Magos e o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. O Grupo de Salvaterra de Magos é já um nosso velho conhecido, pois já nos visitou e nós também já lá fomos ao Festival.

Foi uma excelente noite de folclore, em que os grupos conviveram e trocaram ideias e mostraram a cultura e a etnografia das suas terras.

A próxima actuação será no Domingo, 6 de Junho, em Calendário, Famalicão.

Até lá.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Grupo Folclórico de Taveiro

O Grupo Folclórico de Taveiro foi fundado a 18 de Outubro de 1975.Após profundo estudo de investigação, baseado num apurado trabalho de pesquisa e recolha, dignou repor a verdade em toda a vertente folclórica a nível de dança, cantares e trajes tradicionais.
O grupo apresenta no seu Curriculum actuações por muitas regiões de Portugal, Europa e América do Sul, sobretudo em festivais em França, Espanha, Bélgica, Grécia, Itália e Brasil,
Os seus componentes com profissões estratificadas são o garante da vivacidade do grupo e das suas tradições, fazendo com que fosse agraciado com o Troféu “Prestígio e Dedicação” às Comunidades Portuguesas em Junho de 1999.
Canta e dança o que é mais genuíno da sua região. Todas as danças foram recolhidas junto de pessoas bastantes idosas e no Cancioneiro da Beira Litoral. Maioritariamente modas de roda, dançadas no intervalo do trabalho, romarias, adro da Igreja e bailes. Destaca-se o Vira de Quatro Batido dançado no terreiro.
Não passa despercebida a vivacidade e perfeição com que dominam todas as actuações, sem contudo faltar o cunho da originalidade e rara beleza rural. A tocata é constituída por instrumentos tradicionais tais como: Concertinas, Cavaquinhos, Violas, Bandolins, Ferrinhos, Reque-Reque e Bombo.
Os trajes são constituídos por autênticas relíquias de museu, a destacar: Noivos, Lavradores Ricos, Ver-a-Deus, Domingueiros, Senhora de fins do século XIX, Romeiros, Bairrenho, Ceifeira, Mondadeira, Lavadeira, Vendedeira, Leiteira, Cesteiro, Barqueiro, Ferrador, Aguadeira e Lavrador. Tem representado a freguesia com elevado nível no país e no estrangeiro. Tem participado em várias Europíades e Festivais de Folclore Nacional e Internacional. Todos os anos se realiza, em Junho, um Festival Internacional de Folclore.
Na área dos usos e costumes repõem ainda hoje as “Escamisadas”, os Jogos Tradicionais tais como: o Jogo da Malha, o Jogo do Pau, o Jogo da Cantarinha. Realiza-se ainda a festa das “Maias”, na qual os rapazes enfeitavam as portas das raparigas que gostavam e que queriam namorar na madrugada do 1º de Maio; e a “Serradela da Velha”, julgamento fictício dos bens do casal a favor dos seus herdeiros, no qual se procedia a um entretenimento jocoso.
Fonte: site da Junta de Freguesia de Taveiro.

Boas leituras
Rubem da Rocha

Vila de Taveiro

É já amanhã que nos deslocamos a Taveiro, para mais um festival. Aqui fica alguma informação sobre a Vila e sobre o Grupo Folclórico de Taveiro.

A freguesia de Taveiro, integrada no concelho de Coimbra, de cuja sede dista cerca de sete quilómetros, confina, a norte, com o rio Mondego e São Silvestre, a sul, com a autarquia de Antanhol, a nascente, com a de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades e a poente, com a freguesia do Ameal. Estende-se por uma área de, aproximadamente, dez quilómetros quadrados, que abrange os lugares de Carregais, Reveles do Campo e Taveiro.
Estendida pela margem esquerda do “Rio dos Poetas”, esta Freguesia é servida, em termos ferroviários, pelo maior eixo da Linha do Norte e, no que diz respeito às acessibilidades rodoviárias, pela A1, sentido Lisboa-Porto, de que dista, respectivamente, 190 e 110 quilómetros.
Dados Históricos
A Freguesia de Taveiro está documentada desde o último quartel do século X. Sofreu os danos provocados pelas invasões muçulmanas, mas foi reconquistada por Santa Cruz, que aí tinha muitos casais. Na altura em que tal facto aconteceu, a povoação estava deserta, pois os seus habitantes haviam fugido para outros locais.
Situada entre as velhas Aeminium e Conímbriga, Taveiro conta com o próprio nome como prova da sua antiguidade. A. Almeida Fernandes refere: “ O topónimo tem um étimo por certo muito antigo, onde talvez se encontra a raíz liturgica, tala – talvez a mesma de Távora, Tavarede, etc. É menos provável o étimo no latim tabulariu – (sentido de tabulatu – como Tábua, Tabuaço, Tabuado, etc.”)
Num documento de 980, “ os servos de Deus “ Bahri e Trunquili (Trunquilde) doavam ao Mosteiro de Lorvão a sua herdade de Taveiro. O texto notarial referia o seguinte: ”Hereditate nostra própria que abemus in villa Talabario in quinione de ibn Hocem uno agro de riu usque in monte in Abdena”. As personagens referidas no documento, Homeite e Lobozinho, eram personagens de elevada craveira na sociedade, sendo evidente que eram moçarabes. Os doadores destes terrenos, Bahri e Trunquili, possuíam ainda o padroado de duas igrejas (a de Santa Eulália da “villa” Arquanio e a de São Miguel Arcanjo e São Pedro Apostolo na “villa” de Tentúgal), que doaram igualmente a Lorvão.
Depois do repovoamento do território, efectuado pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a grande maioria dos casais de Taveiro iria transitar, já no século XVI, para a posse da Universidade de Coimbra. Todavia, o pároco era da apresentação da Mitra, e pelo menos no século XVIII tinha quarenta mil reis de renda anual.
A 26 de Fevereiro de 1851, D. Maria II atribuiu um Viscondado a Taveiro, cujo título foi concedido a D. Maria Rosa de Figueiredo da Cunha e Melo de Lacerda e a seu marido José de Melo Pais do Amaral Sousa Pereira de Vasconcelos e Meneses, como recompensa pelos valiosos serviços prestados pelo Arcebispo de Braga D. Pedro Paulo de Figueiredo da Cunha Melo, natural de Taveiro e Tio de D. Maria Rosa.
Por Decreto de 11 de Julho de 1878, foi designado segundo Visconde de Taveiro José Pedro Paulo de Melo Figueiredo Pais do Amaral da Cunha Eça Abreu e Sousa de Meneses Pereira de Lacerda Lemos e Vasconcelos, que foi igualmente o primeiro Conde de Santar, pelo seu casamento. O Terceiro foi Pedro Paulo António de Melo de Figueiredo Pais do Amaral, neto do segundo visconde de Taveiro, autorizado por D. Manuel II, então no exílio. O brasão de armas dos viscondes de Taveiro é constituído por um escudo esquartelado tendo no primeiro as armas dos Melos, no segundo as dos Pais, no terceiro as dos Amarais e no quarto a dos Castelos Brancos.

Fonte: Site da Junta de Freguesia de Taveiro.

Boas leituras
Rubem da Rocha

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Superstições e Crendices - IV

- Em 1900 ainda era frequente queimar à noite o cepo do Natal.
- Ainda hoje, durante as trovoadas, se queima alecrim (podendo ser do ramo benzido pela semana santa), reza-se a Magnifica, o terço e outras devoções, invocando-se santa Bárbara, S. Jerónimo e S. Gregório. Sendo de noite, levanta-se a família que vai rezar para a sala, diante do Crucifixo.
Oração a Santa bárbara: “Santa Bárbla bendita que no Céu estais escrita. Santa Bárbla, S. Simão tênde-la chave do trubão, assim como os santos são santos, tamêm os trubões são mansos. Quem este oração disser um ano cum debução nu irá ò fogo do inferno nem ò raio (ou lâmpado) do trobão”.
- Oração a S. Gregório: “S. Gregório s’alavantou, pelo seu caminho andou. Onde ides S. Gregório? Vou acalma-la trevoada que sobre nós anda armada. Atão inde S. Gregório pelas três tabuinhas de Jerusalém onde Cristo foi e beio por nós. Ámen”.

In “Monografia da Gafanha “ do Padre João Vieira Resende.

Também o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, este ano por altura da Quaresma, fez uma pequena representação das almas no salão da igreja paroquial da Gafanha da Nazaré e entre outras coisas foi feita uma oração (recolhida aqui na nossa terra) a São Gregório.
Não é muito diferente da apresentada na Monografia da Gafanha, mas aqui fica para poderem comparar.
São Gregório s’alebantou
Os seus sapatinhos calçou
O seu caminho andou
O Sinhor encontrou e lhe perguntou
- São Gregório, a donde bais?
- Bou arrumar as traboadas que no céu andam armadas.
Atão o sinhor lhe disse:
- Arrumás lá bem para longe, d’onde na haja eiras nim beiras, n’ em ramos de sal, n’ em coisa que faça mal.

Boas leituras
Rubem da Rocha

sábado, 22 de maio de 2010

A nossa actuação em Dalvares - Tarouca



Vídeo retirado o Youtube e da autoria de Manuelino Oliveira, habitante de Dalvares, a quem agradecemos o comentário no blog.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Actuação em Dalvares

Casa do Paço de Dalvares antes da restauração


Actuação em Dalvares em 1991

Eira da Casa do Paço de Dalvares, local de actuação

Dia 15 de Maio de 2010, mais uma actuação do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Desta vez fomos até ao concelho de Tarouca, mais propriamente à freguesia de Dalvares, situada no, como eles lhe chamam, Vale Encantado. Dista 2,5Km da sede do concelho, ficando situada na margem esquerda do rio Varosa e no sopé do monte de Santa Bárbara.
Ao chegarmos fomos visitar a Casa do Paço de Dalvares (ou Quinta), que é um edifício senhorial datado do séc. XIII, onde funciona o Museu do Espumante. Ali pudemos ficar a conhecer todo o processo artesanal do fabrico do espumante. Como nesta região é produzido o espumante Murganheira, foi esse mesmo que nos foi serviço numa sessão de prova. É também neste espaço da Casa do Paço de Dalvares que a Confraria do Espumante tem a sua sede. Esta casa encontrava-se em estado avançado de degradação e foi recuperada em 2006.
Também é de salientar a bonita paisagem que o referido vale nos proporciona, com as muitas árvores de sabugueiro que nesta época estão em flor. Para quem não sabe, o sabugueiro é uma árvore de pequeno porte que serve para fazer os mais diversos chás, sendo as folhas, as flores e as bagas as partes mais utilizadas.
Após a visita à casa, houve uma pequena recepção na sede da Junta de Freguesia, seguindo-se o jantar. Logo após o mesmo, deu-se início ao festival, com troca de lembranças. Neste festival participaram os seguintes grupos: Rancho Folclórico da Landeira, Rancho Folclórico de São Salvador da Folgosa, Rancho Folclórico de Tavira, Grupo de Danças e Cantares da Ilha de Menorca - Espanha, Rancho Folclórico Flor do Sabugueiro e o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.
Foi um bom festival em que participaram bons Grupos mas, em que a organização teve algumas falhas, que facilmente poderiam ser corrigidas, nomeadamente na visita à Casa do Paço, pois tudo deveria estar preparado para a visita dos grupos e não foi isso que aconteceu. A recepção na Junta de Freguesia teve alguma demora devido ao facto de termos estado à espera dos políticos, que era escusada, já que no palco voltaram a fazer troca de lembranças.
Todo o restante esteve muito bem, uma boa noite de folclore com uma superior apresentação do nosso já conhecido Miguel de Almeida. De salientar também que já é a segunda vez que vamos a este festival de folclore e que dançamos precisamente no mesmo sitio, a eira da Casa do Paço. A única diferença é que agora está totalmente recuperada, enquanto há alguns anos estava em ruínas.
Por hoje é tudo, até à próxima actuação que será em 29 de Maio, em Taveiro, Coimbra.

Até lá!
Boas leituras
Rubem da Rocha

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Superstições e Crendices - III

Note-se que não se exerce nenhuma destas acções sem que sejam acompanhadas de um certo ritualismo e orações destrambelhadas. E ainda não falamos de lobisomens que de noite apareciam pelos caminhos e encruzilhadas, transformados em pipas, carros, burros, rebanhos, cães, etc., … conforme o primeiro rasto que o infeliz encontrasse ao sair de casa para dar começo ao seu fado. Era uma grande sorte para ele haver alguma alma generosa que o picasse para lhe desfazer aquele fado.
Nem falamos das bruxas que entravam pelo buraco da fechadura a chupar meninos, ou vagueando pelo ar lançando pela boca lufadas ou fogachos de lume azul, ou ainda mesmo banhando-se na Ria, ou dançando nos barcos estacionados na borda. Ainda hoje se citam os nomes dos visionários; citam-se também com todas as letras os nomes dos lobisomens e das bruxas que viveram neste mundo, e que foram para a eternidade com aquele infamante labéu, que os faria sofrer muito, mas de quem a ignorância estúpida ainda hoje se não compadece, dizendo sempre, que havia e há coisas. Pois há!...
- Ainda hoje muita gente reza assim ao nascer do sol, de cabeça descoberta: “Sol claro e dia, assim como deixastes passar a noite, deixai-me também passar o dia – Padre-Nosso, Ave-Maria”. “Em louvor do sagrado nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo – Padre-Nosso, Ave-Maria”.
-Ao por do sol: “Deixai-me passar a noite, assim como me deixaste passar o dia – Padre-Nosso, Ave-Maria”. “Em louvor da sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo – Padre-Nosso, Ave-Maria”.
- Quem bocejava benzia-se dizendo: “Benza-me Deus seis vezes, que é para toda a semana”.
- Outras vezes fazia-se o sinal da cruz com o dedo polegar sobre a boca para o inimigo (diabo) não entrar.
- As mães benzem do mesmo modo e em idênticas condições a boca da criança, repetindo por três vezes a frase: “Benza-te Deus”.
- Às estrelas cadentes ainda se faz a seguinte deprecação: “Deus te guie… Deus te ampare”.

(Continua)

In “Monografia da Gafanha” do Padre João Vieira Rezende.

sábado, 15 de maio de 2010

Festival de Folclore Flor do Sabugueiro 2010

Casa do Paço em Dalvares
Hoje, sábado, 15 de Maio de 2010, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré desloca-se a Dalvares, no Concelho de Tarouca, para participar no Festival de Folclore "Sabugueiro em Flor 2010". O convite partiu do Grupo Folclórico Flor do Sabugueiro.

O programa é o seguinte:

18:00 horas - Concentração dos Grupos em frente ao Município da Cidade de Tarouca.

19:00 horas - Jantar convívio

21:15 horas - Sessão de abertura do Festival, na eira da Casa do Paço, em Dalvares.

21:30 - Início do Festival.

Participam no Festival, além do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e do Grupo anfitrião, o Rancho Folclórico da Landeira (Alentejo), o Rancho Regional São Salvador da Folgosa (Douro Litoral Norte), o Rancho Folclórico de Tavira (Algarve) e o Grupo de Danças da Ilha de Menorca (Espanha).

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Superstições e Crendices - II

A esses amuletos, orações falsas, datas e números de cabalística, com todo o ritual na sua aplicação supersticiosa, atribui-se um poder e virtude infalíveis. Assim: Para curar ínguas fixa-se uma estrela e faz-se por cinco vezes a seguinte invocação: “estrela! A minha íngua diz que seques tu e que reine ela, mas eu digo que seque ela e que reines tu!”. Para tirar trasorelho, fricciona-se o local doente com nove olhos de hortelã e coloca-se ao pescoço do doente uma canga, enquanto se diz determinada oração. Só pode atalhar o zagre quem estiver em jejum no momento de o cercar com água e nove olhos de erva-doce, apanhados antes do nascer do sol. Para curar de ógado (aguado) deve o menino doente ser aleitado por três mães que andem amamentando cada uma as suas meninas, e se o doente é menina deve ser aleitada igualmente por três mães que criem os seus três meninos.
Para cortar lombrigas besunta-se o ventre da criança com ferrugem, passando uma faca sobre o ventre com o gesto de cortar; as lombrigas morrem.
Tira-se o mau-olhado bebendo água de fermento, com o que passam as dores de cabeça. Para tirar o sol, escolhe-se um dia límpido, e das 11 às 12 horas tapa-se com um pano um copo cheio de água e assim preparado, coloca-se sobre a cabeça, voltado com o fundo para cima; é claro que, em virtude das leis da física, a água do copo desce, enquanto que o vácuo estabelecido dentro dele vai ser ocupado pelo ar que sobe, sob a forma de bolhas, através da água; dizem então que a água ferveu e que ficou tirado o sol. Outra receita para cortar as lombrigas é escrever no fundo de um prato branco uma oração a Santo Onofre, lavando em seguida a tinta com água, que é ingerida pelo doente que desde logo fica curado. O aguado também pode curar-se comendo três rabos de bacalhau e não mais nem menos. Cerca-se a erisipela dizendo uma espécie de oração e cercando o ponto doente com um ramo de oliveira já previamente besuntado com sangue de galinha preta, azeite e farinha.
Seria um nunca acabar de despautérios cujos simples enunciados encheriam muitas folhas deste volume.
(Continua)
In “Monografia da Gafanha” do Padre João Vieira Rezende.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Superstições e Crendices - I


Hoje irei transcrever o que a “Monografia da Gafanha”, do Padre João Vieira Rezende, nos diz sobre superstições.

À ingénua simplicidade deste povo, como à de outros povos, tem andado sempre aliada uma grande dose de superstição, que nem o tempo, nem as admoestações de quem de direito, ainda conseguiram dominar completamente. Quantos e quantos casos de histerismo ou de outra qualquer doença são atribuídos a mau-olhado e inveja, ou às almas do outro mundo que querem missa ou cumprimento de promessas?
O que é mais para lamentar é que venham a ser vitimas inocentes de supostos malefícios os vizinhos do doente, o qual, mal avisado e numa má hora, foi até à bruxa, recebendo dela insinuações calculadas e manhosos, cujas consequências vieram pesar sobre esse vizinho que de nada era culpado.
Se por ventura a medicina não pode debelar a doença de uma pessoa de família supersticiosa, ou até de um animal, ou quando mesmo se não consulta o médico e a doença se prolonga demasiadamente, vai-se consultar a mulher de virtude ou adivinha tudo, e cujos oráculos são sentenças infalíveis, e cujas ordens se cumprem à risca ainda que para isso tenham que vencer-se grandes dificuldades.
Desde o momento da consulta, cortam-se relações com o vizinho caluniosamente incriminado e trata-se de uma defesa famosa contra os seus maus-olhados e malefícios. Ao pescoço dos adultos colocam-se argolas de aço, saquinhas (armações) com fragmentos de pedra de ara, de estola, de sanguinhos, etc. …contra as almas do outro mundo, contra a inveja, as pragas, etc. … Ao pescoço das crianças põem-se outros amuletos, como sejam o signo-saimão, figas corações de prata, pequenos chifres de azeviche, etc. …. contra as bruxas e maus-olhados.
A estes e outros amuletos. Como a certas orações sem sentido nem gramática, bem como a certos ritos destrambelhados e executados no momento da aplicação supersticiosa, presta-se uma veneração tão profunda e comovedora que a podemos considerar como um culto, que realmente é, muito extravagante e muito radicado.
(Continua)

Boas leituras
Rubem da Rocha

sábado, 1 de maio de 2010

Grupo Folclórico "Torre Scibiliana"

Descobri, nas minhas pesquisas na Internet, um vídeo interessante, realizado por um dos elementos de um Grupo de Folclore Italiano que participou no nosso Festival em 1995. Trata-se do Gruppo Folklorico di Canti e Danze "Torre Scibiliana" e era o 11º Festival Nacional e 5º Internacional da Gafanha da Nazaré.

Mais informação sobre este grupo poderá ser consultado aqui, no seu sítio na Internet.

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