quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O casamento na Gafanha

Fotografia da 1ª Igreja da Gafanha da Nazaré
Antigamente os casamentos realizavam-se aos 24, 25, 26 e 27 anos e eram preparados pelo namoro, que muitas vezes durava sete anos.
Fazia-se na casa da rapariga, à lareira e na presença dos pais.
Era raro ser à porta do telheiro e neste caso, quando a rapariga despedia o namoro, esta quase sempre e com o fim de regresso a casa, o namoro que por isso mesmo é quotidiano e de pouca confiança pelas consequências desastrosas a que tem dado origem.
O casamento faz-se actualmente aos 19, 20, e 21 anos e quando se faz aos 16, 17 e 18 anos costuma ser um mau prognóstico. O namoro dura um e dois anos.
Seis meses antes do casamento o pai do rapaz vai pedir a rapariga. É o que se chama a pedidela, que é feita em casa dos pais dela e celebrada com uma ceia que consta somente de bacalhau ou enguias cozidas com batatas, broa e vinho.
É desde esse dia que os pais dos futuros esposos se começam a visitar e a tratar por parceiros ou senhores parceiros, segundo a idade.
Só nos últimos tempos os noivos começam a pedir a bênção aos pais e sogros e assim continuam a usar quotidianamente e sempre.
Antigamente a toilette do noivo constava de calça, colete e casaco de pano castor, de Saragoça, de briche ou de outras fazendas pretas.
O gabão de burel e mais tarde de Saragoça ou de catrapianha, era uma peça obrigatória. A camisa para este acto era engomada no peito, colarinho e punhos.
O noivo levava chapéu de aba larga e sapatos de 500 reis, grosseiros e geralmente brancos.
Os vestidos da noiva constavam de saia de fraldilha de seis varas e tinha uma forra de baeta preta ou azul, aplicada externamente pela orla, que tinha a largura de oito centímetros.
O paletó era guarnecido com liga de seda ou de lã, a qual, tendo circundado o pescoço, se continuava pela orla das duas folhas e da roda. O paletó não tinha colarinho e mal chegava à cintura.
Punha lenço roxo e o chapéu grande e o capote de feitios, que já foram descritos, completavam a simples indumentária da antiga noiva.
A indumentária de hoje, embora sóbria, já está muito modernizada.
A madrinha do casamento oferece actualmente à noiva uma camisa de Bretanha, um corpete, um lençol, um travesseiro, uma almofada de cama e um guarda-cama. O padrinho oferece qualquer quantia ao noivo e paga as despesas na igreja.
Cada um dos que tomam parte no acompanhamento e no afazer quotiza-se com certa quantia para as despesas do afazer. É o que se chama pagar à mesa.
O protocolo do casamento é o seguinte: Ao entrar na igreja, vão à frente o noivo e o padrinho, a seguir a noiva e a madrinha e depois o acompanhamento de homens e mulheres.
Ao realizar-se o acto litúrgico, ao arco cruzeiro fica o noivo à direita e nesta posição assistem à Santa Missa e comungam junto ao altar. Ao sair, vão à frente os noivos e atrás segue o acompanhamento.

Transcrição do que a “Monografia da Gafanha”, do Padre João Vieira Rezende, nos diz sobre o Casamento.

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