Estamos em tempo de Quaresma. Vamos ver o que nos diz a Sr.ª Professora Maria Teresa Reigota, no Seu livro “Gafanha…o que ainda vi, ouvi e recordo”.
Era o período compreendido entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa.
O seu simbolismo refere os quarenta dias de jejum que Jesus passou no deserto. Por isso logo na Quarta-feira de Cinzas se guardava jejum (comer menos) e abstinência (não comer carne).
Neste dia o povo da Gafanha ia a Aveiro, nas suas bateiras e barcos moliceiros e mercantel, mais tarde a pé, de bicicleta ou na “camioneta da carreira”, assistir à tradicional Procissão das Cinzas. Algumas pessoas iam logo de manhã para assistirem à cerimónia da imposição das Cinzas e bênção dos Santos Óleos, presidida sempre pelo Senhor Bispo da Diocese, ficando para a tarde, participando na procissão. Era majestosa e imponente!
Um dos andores que compunham a procissão era o de santa Clara. Lembro-me bem que, quando alguma criança tinha problemas na fala, como gaguez, ou começar tardiamente a falar com dificuldades de prenuncia, os pais faziam-na passar por baixo deste andor, pedindo a santa Clara, com muita fé, que desatasse a língua do seu filho ou filha, aclarando-lhe a fala. Não esqueço a tradição de se comprarem figos passados.
O seu simbolismo refere os quarenta dias de jejum que Jesus passou no deserto. Por isso logo na Quarta-feira de Cinzas se guardava jejum (comer menos) e abstinência (não comer carne).
Neste dia o povo da Gafanha ia a Aveiro, nas suas bateiras e barcos moliceiros e mercantel, mais tarde a pé, de bicicleta ou na “camioneta da carreira”, assistir à tradicional Procissão das Cinzas. Algumas pessoas iam logo de manhã para assistirem à cerimónia da imposição das Cinzas e bênção dos Santos Óleos, presidida sempre pelo Senhor Bispo da Diocese, ficando para a tarde, participando na procissão. Era majestosa e imponente!
Um dos andores que compunham a procissão era o de santa Clara. Lembro-me bem que, quando alguma criança tinha problemas na fala, como gaguez, ou começar tardiamente a falar com dificuldades de prenuncia, os pais faziam-na passar por baixo deste andor, pedindo a santa Clara, com muita fé, que desatasse a língua do seu filho ou filha, aclarando-lhe a fala. Não esqueço a tradição de se comprarem figos passados.

No quinto domingo da Quaresma fazia-se e faz-se ainda, a Procissão dos Passos, em que simbolicamente, Maria Mãe de Jesus se encontra frente a frente com Seu Amado Filho, carregando a Cruz a caminho do Calvário – é o Momento do Encontro. Também aqui o povo da Gafanha marcava presença se nada houvesse que o impedisse.
Em Domingo de Ramos, que antecede o Domingo de Páscoa, não faltava nas igrejas das suas freguesias nenhuma família gafanhoa ou quem a representasse com seu ramo de alecrim e, às vezes, também oliveira, para ser benzido e religiosamente guardado até ao próximo ano. Era deste ramo que tiravam um bocadinho de alecrim que queimavam em dias de trovoada.

Logo na Quinta-feira santa os lavradores já não trabalhavam nos campos, só apanhavam erva para o gado ou davam-lhe palha; à noite, iam à igreja assistir às cerimónias do Lava-pés. Na Sexta-feira Santa procediam do mesmo modo e, à noite, iam participar na Devoção da Via-Sacra – era um dia triste, porque o Senhor estava morto.
Para fazerem os folares tinham o sábado da aleluia. Algumas pessoas amassavam, depois de chegarem, já noite dentro, da Via-Sacra. Deixavam a massa a levedar e no dia seguinte, manhã cedo, coziam os folares para casa e para ofertarem aos afilhados. Às onze horas da noite, assistiam ao Santo Oficio da Missa e pela meia-noite acontecia a Aleluia, descobrindo os Santos que tinham estado cobertos com panos pretos e tocando campainhas.
No Domingo de Páscoa era a alegria da Ressurreição do Senhor, era dia dos afilhados irem a casa dos seus padrinhos pedir-lhes a bênção e buscar ou agradecer o folar.
Não esqueço que durante a Quaresma o povo da Gafanha sentia uma grande obrigação que cumpria com devoção e crença – era a “desobriga” que consistia em confessar-se e comungar pelo menos uma vez cada ano. Eram e são respectivamente, o segundo e terceiro mandamentos da santa Madre Igreja, que este povo cumpria escrupulosamente, mesmo que se confessasse e comungasse mais vezes pelo ano fora.

Boas leituras
Rubem da rocha
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