segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Indumentaria do Homem da Gafanha

Peixeiro
A indumentaria do homem também foi sempre muito rudimentar. Temos conhecimento de um antigo chapéu de aba larga e de copa tão alta que os seus portadores, para obstar a que eles se enfiassem pela cabeça até a altura da boca, enchiam-nos de palha. Era extravagante! Na terra, eram conhecidos pela denominação de "barombas".
Seguiu-se outro chapéu também de aba larga, de feltro grosso e de copa baixa, à qual se aplicava de lado uma grande maçaneta, de retrós. Houve também o chapéu de aba tela, com aba rija, larga, de bom feltro e de luxo, usado por volta de 1880.
Vieram depois o barrete simples e o barrete carapinha, cujo forro se prolongava por fora, originando no rebordo um refego ou adorno em forma de anéis ou de pequenas argolinhas de lã encarapinhada.
Estes barretes nem eram tão compridos nem tinham a maçaneta tão abundante como os de Leiria, e há muito que foram substituidos pelo boné, ou pela boina, e pelo actual chapéu.
Em 1880 ainda estava muito em uso a jaqueta ou quinzena de burel ou saragoça. O gabão, também de burel ou de saragoça, era vestuário do casamento e da Missa, e ainda aqui continuou a usar-se, quando por outras terras há muito tempo tinha sido substituído pelo sobretudo. O varino foi uma peça de transição entre aquele e este vestuário.
O que mais caracterizou a indumentaria dos gafanhões foi a ceroula curta ou cuecas, a principio de estopa e depois de pano cru, e que não ultrapassava na perna metade do fémur. Explica-se o seu uso muito prolongado por oferecer grandes vantagens e comodidades nos trabalhos da Ria e das marinhas, o que não os absolve em absoluto da reforma desta espécie de vestuário, reforma que deviam ter feito ao menos para certos actos da vida social. Em 1880, pouco mais ou menos, ainda se assistia à Santa Missa de ceroula curta, inclusive o acólito.
A camisa era de estopa, ou de linho, com botões de pano. A de casamento tinha peitilhos postiços, punhos e colarinhos de bretanha, que às vezes eram engomados.
As calças, casaco e colete, eram de surrobeco, bombazina, belbutina e mais tarde de catrapinha. Foram usadas muito tempo as calças à boca de sino.(...)
Em 1900, os adultos iam à cidade ou à vila de ceroulas curtas, levando ao ombro um pau ou cajado, donde pendiam as botas e as calças, que calçavam e vestiam na ocasião própria.

In "Monografia da Gafanha" do Padre João Vieira Rezende.
Boas Leituras
Até breve.

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