A SAIA (Continuação)
Com tanta abundância desta matéria prima, e também porque era moda, a saia de fraldilha tinha de ser, como foi, a primeira conhecida na Gafanha. Era simples, com pregas, tendo ourelo na orla. Era rodeada com quatro a cinco varas de fraldilha e sem enfeite algum (1).
Note-se que todos os tipos de saia de que vamos falar, e bem assim os dos outros vestidos, eram usados tanto pelas pessoas adultas como pelas donzelas.
Passou-se algum tempo, e a esta simples saia aplicou-se exteriormente pela orla uma larga forra de baeta, com pequeno debruamento para a parte interna. Esta forra só se usava nas saias de luxo. Veio depois a saia de paninho preto, ainda mais rodada e com fita ou forra larga de veludo, também a debruar para dentro. Após esta começou a usar-se a saia de olho de azeite, de chita azul escura, planetada de flores cor de azeite e com quinze panos de roda. Costurados uns aos outros chegariam para um pano de barco moliceiro! Em 1907 ainda existia uma na Encarnação, que foi desmanchada, fazendo-se com ela três saias que certamente não deviam ser... travadinhas! A fita ou liga da orla era de lã e pregada de chapa, isto é, sem debruamento.
(1) Tinha quatro a cinco varas de roda ou de circunferência pela orla e descia da cintura até próximo do tornozelo. Em cada vara gastava-se um arrátel de lã, de modo que se gastavam quatro a cinco arráteis de lã em cada saia, não incluindo o cabeção da saia, que era a parte superior dela, e que no seu arranjo ficava em sentido horizontal à parte inferior, que por sua vez ficava em posição perpendicular no sentido da teia.
In "Monografia da Gafanha" do Padre João Vieira Rezende.
(Continua)
Boas leituras
Até breve
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