Habitado desde épocas mais remotas, o Concelho de Mortágua teve o seu primeiro Foral em 1192. Este diploma foi atribuído pela Rainha D. Dulce, esposa de D. Sancho I e marca a data de fundação do Município.
A nossa Vila constituiu, desde então, um verdadeiro Município de Direito português com magistratura privativa (judex), com funcionários locais e delegado do rei dominus terrae, investido de poder civil e militar.
Seguiram-se-lhe dois outros Forais, o 2º atribuído por Gonçalo Anes Sousa, em 1403 e o 3 º, pelo Rei D. Manuel I, em 1514.
Diz a história que Mortágua terá sido resgatada aos mouros por Fernando Magno mas, provavelmente, milénios antes já estas terras teriam sido ocupadas. Alguns vestígios de um castro pré-romano localizados nas proximidades do Santuário do Senhor do Mundo, parecem indicá-lo. Dos árabes é certo, pois ficaram na toponímia local algumas sonoridades: Alcordal, Almaça, Almacinha...(Aldeias do concelho de Mortágua)
Há ainda lugares que para sempre nos ajudam a perceber a história natural e humana destas terras. São nomes ligados ao lugar que os mouros ocupam no imaginário popular, ou nos falam da graciosidade do coberto vegetal antes das profundas modificações que a Barragem da Aguieira e novas formas de economia florestal introduziram no terreno.
Mas se do Santuário do Senhor do Mundo, dos Moinhos de Sula ou da Moura na Serra do Buçaco, ou da Serra do Caramulo, o azul do céu parece infinito, são as águas azuis da albufeira da Aguieira que, em Mortágua marcam a paisagem.
De barco, água dentro, os recantos da barragem são paradisíacos. Há locais que só os pescadores parecem conhecer, mas contra o Sol lá estão as suas silhuetas expectantes. Ao fim de um dia há sempre histórias de boas pescarias.
Há quem vá para a albufeira por um bom banho de Sol...e há quem descubra todos os seus recantos de canoa.
Há ainda pequenas ilhotas na albufeira. Ancoradouros temporários para a descoberta de locais também temporariamente só nossos. É por este imenso lago azul que os visitantes se deixam seduzir.
Zona de transição entre a Beira Alta e o Litoral, Mortágua não deixa de ganhar com este seu posicionamento.
Especialidade deste Concelho é a tradicional chanfana. Mas para além desta especialidade há também o bolo de cornos ou bolo doce da Páscoa que como o nome indica é característico da Páscoa, a broa de milho e o pão de trigo cozidos em forno de lenha, a cebola com mel, e pelo Natal surgem as filhós de abóbora menina.
Costumes e tradições que se transmitem séculos após séculos numa paisagem cheia de encantos e bucolismo. São autênticas preciosidades acumuladas graças ao saber transmitido pelos homens que ninguém quer esquecer ou ignorar.
Região habitada desde a mais remota antiguidade, Mortágua alberga no seu seio um saber infindável, no qual o artesanato tem a principal expressão. A olaria é a actividade por excelência de um grupo de artesãos que teima em manter viva a tradição do barro vermelho: Cerâmica vistosa que se admira e conhece um pouco por todo o país. A cestaria e o tear são outras das actividades que ainda se mantêm vivas no nosso concelho.
Pequeno Historial do Grupo
Num vale que tem como moldura as serras do Bussaco e do Caramulo, e se debruça sobre os panoramas da fértil veiga de Mortágua, salpicada por pequenas colinas e gracioso casario branco, abraçando a pureza das centenárias aldeias de xisto, berços genuínos de tradições populares, situa-se o lugar de Vale de Açores. Foi nesta encantadora aldeia, local de pernoite de Duques e Reis, que em 1978 nasce o Rancho Folclórico e Etnográfico de Vale de Açores.
Com o intuito de salvaguardar o passado e as suas tradições, conscientes da pureza e do valor do folclore do nosso concelho, este grupo dedica-se a uma criteriosa recolha de costumes e tradições do povo da sua região, quer no campo musical, nas danças, nos cantares, nos trajes, bem como nas lendas, orações, mézinhas, contos, não descorando a preservação do ainda património histórico. Pela sua seriedade e pureza, estas recolhas conferiram ao Grupo o estatuto de fiel representante do folclore desta região, que se situa no centro do triângulo que compreende Aveiro, Coimbra e Viseu.
É pois, na sua autenticidade e fidelidade ao passado, que reside a força do seu folclore, valores estes que lhes permitiram a sua filiação como Membro e Sócio Efectivo na Federação do Folclore Português e na AFERM - Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego. Filiado no INATEL, é galardoado no ano de 2002 com a Medalha de Ouro de Mérito Municipal.
Numa zona de transição entre a Beira Alta e a Beira Litoral, a tradição enraizou no povo da nossa terra, danças e cantares que vêm dos finais do século XIX e princípio do século XX, das desfolhadas, dos serões, das espadeladas do linho, das danças aos domingos nos adros e terreiros, ou mesmo na fonte, das romarias à Senhora de Chão de Calvos, ou ao São Salvador do Mundo, destacando-se as Modinhas de Roda, de movimentos mais lentos com mímicas variadas e outras em coluna, os Viras, a Tirana, o Fado Mandado, entre outras.
A sua participação em Festas, Romarias e Festivais Nacionais e Internacionais de Folclore de norte a sul do país, incluindo as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores e as mais variadas vezes que tem representado Portugal no estrangeiro, nomeadamente, Espanha, França, Luxemburgo, Sérvia, Itália, tem contribuído para a divulgação da verdade e fidelidade das tradições etnofolclóricas da nossa região.
Informação retirada do sitio do Rancho Folclórico e Etnográfico de Vale de Açores.
Boas leituras
Rubem da Rocha
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