quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Puros disparates - 2

Aliás, é aqui precisamente, que encontramos duas habituais aberrações, tão caras aos nossos dirigentes folclóricos. Primeiro as noções de “genuíno”, “autentico”, “puro”! Como se existisse algo a que pudéssemos chamar folclore primordial; remontando ao inicio dos tempos, original e imaculado! Depois a noção de que o antigo é “mais folclórico”, mais autêntico, mais prestigiado!
Destes dois equívocos advém, depois um universo de disparates! Apregoa-se por exemplo a representação do “mais genuíno folclore minhoto”, do “mais puro folclore saloio” ou do “mais autêntico folclore ribatejano”! Proliferam as “capitais do folclore”. Proclama-se a especial “riqueza do folclore “daquela terra ou região! Apresentam-se trajes, com “três ou mais séculos”, os quais (se tal pretensão fosse verdadeira), estariam absolutamente descontextualizados de uma representação folclórica que se quer coerente no tempo e no espaço.
Enfim, um autêntico chorrilho de asneiras! Quando afinal, para se construir uma boa representação folclórica, basta apenas apresentar as vivências padrão da área cultural que escolhemos representar. Tanto quanto é possível, claro, hoje conhecê-las. Respeitantes estas, a um tempo a que foi possível remontar, num processo de pesquisa minimamente honesto e rigoroso.
Apenas isto!
P.S.- Se como usa dizer-se, um disparate proferido por uma “eminência parda” é uma tirada genial, calcule-se o que para aí vai de génios! Não admira assim, que os”Óscares” tenham chegado (para ficar já se vê), ao folclore nacional.

Boas leituras
Rubem da Rocha

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