quinta-feira, 2 de julho de 2009

As Gafanhas antes da Ria -3

Vou passar a analisar algumas destas hipóteses:
Segundo alguns estudiosos, que a este tema se dedicaram, a origem mais provável e mais credível, é a que liga o nome Gafanha à apanha do junco, que devido às condições que estes terrenos apresentava, se desenvolvia com grande facilidade nas margens da Ria. Um dos instrumentos usados para o corte do junco era a Gadanha. Ora , segundo o Padre João Gaspar, que a este assunto dedicou largos tempos de estudo, é muito plausível que as pessoas que se juntavam para fazer a apanha, dissessem umas para as outras: “Vamos gadanhar às praias de junco”. Como o povo é fértil em deturpar frases ou palavras, trocando as letras de modo a tornar mais fácil a dicção, poderiam ter começado a dizer “Vamos gafanhar às praias de junco”, trocando assim o “D” pelo “F”, como trocavam as letras, por exemplo, em “sinto”, dizendo “sento” ou “pensamento”, dizendo “pansamento”.
Segundo o Padre João Gaspar, era mesmo muito frequente o povo, na sua simplicidade, arranjar maneiras mais práticas para dizer certas coisas, sem ligarem absolutamente nada ás regras gramaticais. Ainda hoje por vezes, se diz quando uma pessoa pronuncia erradamente uma frase “Dás cada pontapé na gramática”; assim também os nossos antepassados o faziam para conveniência própria.
Ora com esta troca de “gadanhar” para “gafanhar”, teria chegado uma altura em que diziam simplesmente “Vamos à Gafanha”, referindo-se sempre ao acto de gadanhar, ou gafanhar. E assim, esta expressão foi-se divulgando e enraizando nos hábitos vocabulares das gentes daquele tempo, passando a dizer sempre “Vamos à Gafanha”.
Esta origem para o nome Gafanha é portanto, a mais bem aceite pelos diversos historiadores; mas muitas mais existem e irei referenciar algumas:
Uma das que durante bastante tempo, foi também sendo sustentada por algumas correntes de opiniões, era a que defendia que esta zona teria sido uma gafaria, ou por outras palavras, um sítio onde se refugiavam leprosos, pois nesses tempos, a lepra era considerada uma doença maldita e quem dela padecesse era expulso das comunidades e obrigado a viver isolado, ou apenas em contacto com outros leprosos. Mas, como até aos dias de hoje, nunca se encontrou nenhum sinal que indicasse a presença nestas paragens de qualquer gafaria, esta hipótese foi sendo posta de parte.
(Continua)

Boas leituras
Rubem da Rocha

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